O life trainer, Douglas Maluf, fala sobre a importância em acolher a insegurança e frustração dos filhos durante o período de transição
Mudanças quase sempre costumam causar uma certa ansiedade em boa parte das pessoas e isso não é diferente com as crianças. Ainda mais quando se trata do ambiente escolar, que inclui diversos elementos: novos amigos, professores, outras regras e uma nova grade escolar. Trata-se de uma mudança e tanto. Porém, os pais podem contar com algumas técnicas de Inteligência Emocional para auxiliar os filhos neste momento de transição.
Para Douglas Maluf, life trainer e idealizador do Método MD – Inteligência Emocional, o primeiro passo é entender que tristeza e frustração não são apenas coisas de gente grande e é fundamental acolher esses desconfortos dos pequenos.“Alguns pais têm a tendência em minimizar certas emoções dos filhos, principalmente as emoções entendidas como ‘negativas’. Como as crianças ainda não sabem como verbalizar suas frustrações, elas podem ser extravasadas em forma de birra, crises de choro e falta de apetite ou de atenção. Em vez de repreender, é importante que os pais olhem para este período de transição como uma oportunidade de exercitar o autoconhecimento das crianças”, explica.
Douglas esclarece que, sem perceber, os pais podem tratar um momento de extrema frustração e agressividade com uma bronca. Uma crise de ciúmes com uma certa ironia e o tédio, geralmente, costuma ser ludibriado com um desenho no tablet ou com o doce que a criança mais gosta.
“Um exemplo corriqueiro que pode ilustrar bem a situação: seu filho acaba se machucando e ralando o joelho durante uma brincadeira. Ao vê-lo chorando, você imediatamente corre para ajudá-lo e dispara: não foi nada! Neste momento, a criança pode ficar confusa e sem saber o que fazer com aquela dor que é legítima naquela hora. Inconscientemente, a criança entende que é preciso reprimir a dor que está sentindo naquele momento. Para que isso não ocorra e gere problemas futuros, é fundamental que os pais conversem com as crianças sobre tristeza, raiva, dor, frustração e ansiedade. Assim, você mostra que essas emoções e sentimentos são normais e, em vez de condená-las, elas podem ser naturalizadas e, assim, entendidas”, diz.
Autorresponsabilidade e resiliência
Além de entrar em contato com as próprias emoções, a mudança de escola também pode funcionar como uma maneira de desenvolver a resiliência e a autorresponsabilidade das crianças. Douglas explica que zelar pelo o bem estar dos filhos não significa poupá-los de situações que são desconfortáveis. Afinal, elas são essenciais para a formação e desenvolvimento.
“Entender que as mudanças fazem parte da vida e que será preciso lidar com a saudade da escola antiga, com a insegurança que um espaço novo pode trazer e falta de entrosamento inicial com os novos colegas não farão dos seus filhos crianças infelizes. Ao contrário: os prepararão para situações em que terão que ser pacientes e resilientes. Outro ponto fundamental é mostrar para a criança que depende dela querer se adaptar na nova escola e que, ela sempre poderá contar com os pais para ajudá-la neste momento”, diz Douglas.
Suporte integrado
Esse suporte precisa acontecer de maneira integrada e tanto os pais quanto os professores precisam estar alinhados. “É muito comum que no início do ano existam outros alunos novos na escola e, como estão em etapas parecidas, vale trabalhar o tema em sala. Assim, as crianças podem lidar com o assunto de forma mais lúdica e coletiva ao passo que trabalham competências socioemocionais como autoconsciência, autogerenciamento e habilidades de relacionamento. É em torno desses temas que se constrói um aprendizado que poderá guiá-los até a vida adulta e, assim, possibilita que eles cresçam com mais consciência emocional”, conclui.