Mulheres de 40 a 50 anos já são 30% dos casos de câncer de mama diagnosticados no Brasil

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Índice revelado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) vem acompanhado da morosidade para diagnóstico e tratamento da doença, que deve chegar a 74 mil novos casos no País até o final deste ano


A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), com base em dados nacionais, revela que 30% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama têm entre 40 e 50 anos de idade. Diante do “rejuvenescimento” da doença no Brasil, a entidade considera imperativo que o Ministério da Saúde reveja a idade mínima para o início do rastreamento do câncer de mama aos 40, e não mais aos 50 anos. Como fator de atenção, a SBM também destaca a morosidade para diagnosticar os casos. Da mamografia alterada até a realização da biópsia, o tempo de diagnóstico é de 56 dias na região Norte. No Estado de São Paulo, são 26 dias. Da biópsia ao tratamento, o período é ainda maior, com 196 dias no Norte e 164 no Estado de São Paulo.

Com base em estatísticas do SUS (Sistema Único de Saúde) e do Observatório de Oncologia, plataforma dinâmica de monitoramento de dados abertos e compartilhamento de informações relevantes da área de oncologia do Brasil, a SBM indica que mulheres dos 40 aos 50 anos de idade respondem hoje por 30% dos casos de câncer de mama no País. “Estamos diante de uma realidade preocupante, que aponta o ‘rejuvenescimento’ da doença”, afirma a mastologista Rosemar Rahal, membro da diretoria da SBM.

De acordo com o Panorama do Câncer de Mama, painel interativo aberto a médicos, gestores e sociedade civil que reúne informações sobre o SUS, entre 2015 e 2022 mulheres de 40 a 49 anos tiveram diagnóstico tardio em 39,6% dos casos. A faixa etária considerada de risco (entre 50 e 69 anos) responde por 35,3%. “Estes dados também vêm corroborar para uma mudança de paradigma. Atualmente, o Ministério da Saúde preconiza 50 anos a idade mínima para início do rastreamento do câncer de mama, mas é preciso considerar a possibilidade de realizá-lo a partir dos 40 anos”, destaca Rosemar.

Tão importante quanto iniciar mais cedo o rastreamento da doença, o mastologista Carlos Ruiz, assessor especial da presidência da SBM, considera fundamental fazer valer a Lei nº 13.896/2019, conhecida como Lei dos 30 Dias, que prevê que o paciente não espere mais que um mês para ter a confirmação do diagnóstico, aumentando as chances de cura da doença. O especialista também destaca a Lei dos 60 Dias (Lei nº 12.732/2012), em vigor em todo o território nacional, que estabelece o período máximo de 60 dias para o início do tratamento após a confirmação do diagnóstico.

“Embora existam legislações específicas que favorecem o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama, temos nos deparado com panoramas preocupantes em todo o País”, afirma o especialista.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, da mamografia alterada até a biópsia, o tempo de diagnóstico supera os 30 dias previstos pela Lei nº 13.896/2019. A região Norte lidera com uma espera de 56 dias, seguida por Nordeste (41), Centro-Oeste (39), Sul (35) e Sudeste (31). No Estado de São Paulo são 26 dias para diagnosticar a doença.

Os dados sobre tempo entre a biópsia e o início de tratamento são ainda mais alarmantes. No Norte, a espera é de 196 dias, com destaque também para o Centro-Oeste (182), Sul (177), Sudeste (176) e Nordeste (162). Especificamente no Estado de São Paulo, a morosidade chega a 164 dias.

“O câncer de mama pode levar dez anos para ter um centímetro. Mas pode dobrar de tamanho em seis meses”, ressalta Carlos Ruiz. “Isso tudo para dizer que uma vez diagnosticado, é preciso ter muita rapidez no tratamento, pois as chances de agravamento da doença aumentam dia após dia. Quanto mais grave, mais caro é o tratamento e menores são as chances de cura”, diz o assessor especial da SBM.



OUTUBRO ROSA COM A TURMA DA MÔNICA

Ao mesmo tempo que as abordagens sobre diagnóstico e tratamento do câncer de mama carecem de mudanças, o conhecimento sobre a doença, diante da propagação de fake news principalmente por redes sociais, requer investimentos em informações. Na campanha Outubro Rosa deste ano, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), a Sociedade Brasileira de Genética Médica (SBGM), a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia Obstetrícia (Febrasgo), juntamente com a Turma da Mônica, realiza ações para impactar o maior número possível de mulheres e envolver o público mais jovem.

A campanha se inicia com a divulgação de um cartaz em que a icônica personagem de Mauricio de Sousa troca o vestidinho vermelho pelo rosa. Mônica aparece ao lado de sua mãe, dona Luísa, como forma de mostrar o papel do entorno da mulher para apoiá-la na prevenção e detecção precoce da doença, reforçando a importância de procurar orientação médica e fazer exames anualmente.

“As mulheres se dedicam aos cuidados de todos e muitas vezes acabam não cuidando de si, por isso é tão fundamental relembrar que a prevenção, o rastreio e o tratamento do câncer são essenciais para manter a saúde de todas nós. Ao lado de sua mãe, dona Luísa, Mônica troca o vestido vermelho pelo rosa para contribuir com essa conscientização”, afirma Mônica Sousa, diretora executiva da área comercial da Mauricio de Sousa Produções.

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